Terça, 29 Abril 2025 16:05

O sertão que floresce: projetos apoiados pela Fundação BB fortalecem a Caatinga Destaque

Escrito por Assessoria de Comunicação
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Iniciativas em Pernambuco mostram como o bioma pode ser sustentável, produtivo e motor de transformação social

No dia 28 de abril, o Brasil celebra o Dia Nacional da Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro e presente em mais de 10% do território nacional. Abrangendo nove estados do Nordeste e o norte de Minas Gerais, a Caatinga abriga cerca de 28 milhões de pessoas e uma biodiversidade que não encontra paralelo no mundo.

Ainda pouco valorizado em comparação a outros biomas, o território semiárido brasileiro é palco de resistência, cultura e inovação e de iniciativas socioambientais apoiadas pela Fundação Banco do Brasil. Marcelo Moro, professor titular da Universidade Federal do Ceará e pesquisador da biodiversidade do semiárido, lembra que a Caatinga tem importância histórica e ambiental que vai muito além do que geralmente é retratado. “A Caatinga é um ótimo local para se viver. Boa parte dos problemas que vemos derivam de questões sociais, e não da natureza do bioma em si. Há mais de três mil espécies de plantas e centenas de espécies animais aqui, muitas exclusivas da região”, afirma o pesquisador.

Moro destaca ainda que a ocupação humana nesta região remonta a milhares de anos: “A Caatinga é habitada pela humanidade há milênios, como mostram as pinturas rupestres de locais como o Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí. Ela também abriga espécies emblemáticas, como onças e antas, que muitos associam à Amazônia ou Pantanal, mas que também ocorrem aqui”.

Transformação para quem vive na Caatinga

É nesse ambiente historicamente habitado e resiliente que surge o projeto “Mulheres camponesas, autonomia, alimentação e vidas saudáveis na Caatinga”. A iniciativa, realizada no Agreste pernambucano com investimento social de R$ 500 mil da Fundação Banco do Brasil, atua na recuperação de áreas degradadas, implantação de quintais produtivos e formação em agroecologia para mulheres assentadas da reforma agrária. Os chamados quintais produtivos são áreas cultivadas geralmente perto das residências dos agricultores e que combinam diferentes sistemas como hortas, plantas medicinais e frutíferas.  

Cherla Michele de Lima, da diretoria da entidade executora, destaca o impacto inicial da proposta sobre as comunidades envolvidas.“O projeto propõe sim uma mudança de vida a cada um dos participantes, sobretudo na perspectiva de conviver com o meio ambiente. A construção dos quintais produtivos, aliada ao reflorestamento, é recebida com entusiasmo nas comunidades”, afirma. E completa: “O projeto está em fase inicial, no entanto, dá para perceber nas pessoas que participam, a alegria de estar sendo contemplado com um projeto tão importante e promissor.”

Nos municípios de Caruaru e São Joaquim do Monte, 60 famílias serão diretamente beneficiadas, e outras 150 pessoas impactadas de forma indireta. Além dos quintais e viveiros, a proposta aposta no fortalecimento da agricultura familiar como estratégia de autonomia econômica e preservação ambiental já que enfatiza a diversidade de cultivos, o uso de sementes crioulas e a minimização do uso de insumos químicos.

Outro exemplo de transformação no semiárido é o projeto “Nas Ramas da Esperança”, desenvolvido há 15 anos no Sertão do São Francisco. Em 2024, a iniciativa recebeu a certificação de Tecnologia Social da Fundação Banco do Brasil, o que ampliou sua atuação para 11 estados e 153 municípios. As Tecnologias Sociais são formas de atuação coletiva que unem o conhecimento popular e o científico, com o objetivo de solucionar algum problema da comunidade.

Para Rogério Miziara, Gerente de Soluções da Fundação BB, existem inúmeras práticas desenvolvidas por todo o Brasil que têm o potencial de serem reaplicadas. “O grande troféu de quem atua com Tecnologia Social é ver a expansão das iniciativas em várias comunidades. Isso está no nosso propósito, promover coletivamente caminhos para a transformação social e relação sustentável com a Natureza. As Tecnologias Sociais contribuem para o fortalecimento da segurança alimentar, da organização e protagonismo social, sendo ferramentas importantes para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU”, pontua Miziara.

Segundo Erbs Cintra de Souza Gomes, professor e cientista responsável pelo projeto, a certificação fortaleceu a credibilidade da metodologia. “Esse reconhecimento possibilitou validar nossa metodologia como uma prática eficaz, que pode ser reaplicada em outros territórios”, afirma. Entre as práticas desenvolvidas, destaca-se a introdução de alimentos biofortificados no combate à fome. “A introdução de alimentos biofortificados, como batata-doce, macaxeira e feijão, tem sido fundamental no combate à fome, além de contribuir para a diversificação da produção agrícola adaptada ao clima semiárido”, diz o professor.

Além de garantir a segurança alimentar e melhorar a qualidade de vida dos agricultores familiares, o projeto também promove a capacitação de jovens e o protagonismo feminino em comunidades rurais. “Nós temos a missão de integrar práticas sustentáveis à realidade local”, complementa Erbs Gomes.

Para Marcelo Moro, que acompanha de perto os impactos ambientais sobre a Caatinga, projetos como esses ganham ainda mais relevância diante dos desafios enfrentados pelo bioma. “Cerca de metade da Caatinga já foi desmatada, e parte das áreas remanescentes sofrem com queimadas, caça ilegal, corte seletivo de madeira e desertificação. A caça, por exemplo, afeta a dispersão de sementes e compromete a regeneração natural da vegetação”, explica.

Ele alerta para os efeitos da degradação: “Áreas extremamente degradadas são algumas vezes, erroneamente, colocadas na mídia para representar a Caatinga como um ambiente pobre em espécies, sem vida. Mas a Caatinga é um local incrível, com paisagens lindas, espécies fantásticas e uma riqueza cultural significativa”.

Com o apoio da Fundação Banco do Brasil e o envolvimento direto das comunidades, a Caatinga mostra-se um espaço de vida, trabalho e inovação. E, no Dia da Caatinga, o que floresce no sertão não é só vegetação — é também a esperança.

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